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Síndrome Aicardi-Goutieres
Definição da doença
A síndrome de Aicardi-Goutières (AGS) é uma encefalopatia subaguda hereditária caracterizada pela associação de calcificação dos gânglios da base, leucodistrofia e linfocitose do fluido cerebrospinal (CSF).
Sumário
Epidemiologia
Até ao momento, existem pouco mais de 120 casos descritos na literatura.
Descrição clínica
A maioria das crianças afetadas nasce a termo e apresenta padrão de crescimento normal. Os sintomas aparecem nos primeiros dias ou meses de vida com uma encefalopatia subaguda grave (problemas de alimentação, irritabilidade, regressão ou atraso psicomotor), associada a epilepsia (53% dos casos), lesões de pele nas extremidades (43% dos casos) e episódios de doença febril asséptica (40% dos casos). Os sintomas progridem ao longo de vários meses (com o desenvolvimento de microcefalia e sinais piramidais), antes da estabilização da doença. Contudo, têm sido descritas formas menos graves com apresentação após um ano de idade, preservação da linguagem e da função cognitiva, e perímetro cefálico normal. O fenótipo mostra variação inter e intrafamiliar.
Etiologia
A transmissão é autossómica recessiva, mas têm sido descritos casos raros de hereditariedade autossómica dominante. Em 2006, foram identificadas mutações causativas em quatro genes: TREX1, que codifica uma exonuclease 3'->5', e nos genes RNASEH2A, RNASEH2B e RNASEH2C, que codificam subunidades do complexo da endonuclease RNASEH2. Mutações nos genes TREX1 (25% dos casos), RNASEH2C (14% dos casos) e RNASEH2A (4% dos casos) resultam num fenótipo grave, enquanto mutações no gene RNASEH2B (41% dos casos) geralmente levam a um fenótipo mais brando. Não há mutações nestes genes nos casos restantes. A calcificação (envolvendo os gânglios da base e a substância branca), a leucodistrofia quística (predominantemente frontotemporal) e a atrofia cortical-subcortical constituem as principais características para o diagnóstico, associadas frequentemente a atrofia do corpo caloso, tronco cerebral e cerebelo. Níveis elevados de IFN-alfa e linfocitose do CSF são características muito frequentes no estado inicial da doença (90% e 75% dos casos, respetivamente), mas não são achados constantes e tendem a normalizar-se ou a resolverem-se dentro de poucos anos.
Métodos de diagnóstico
O diagnóstico é confirmado pela detecção de uma mutação em um dos quatro genes causativos da doença.
Diagnóstico diferencial
Os diagnósticos diferencias principais são as infeções congênitas do tipo TORCH (toxoplasmose, rubéola, CMV, HSV1 e HSV2).
Diagnóstico pré-natal
O diagnóstico pré-natal é possível através de análise molecular de fluido amniótico ou de trofoblasto.
Controlo da doença e tratamento
O tratamento é sintomático (controlo dos problemas de alimentação, do atraso psicomotor e, se presente, da epilepsia).
Prognóstico
Cerca de 80% dos doentes que apresentam a forma grave morrem dentro dos primeiros 10 anos de vida mas tem sido relatada sobrevivência após a primeira década de vida em formas moderadas.
Um resumo sobre esta doença está disponível em Deutsch (2008) English (2008) Español (2008) Français (2008) Italiano (2008) Nederlands (2008)
Informação detalhada
Guidelines
- Orientações de prática clínica
- Deutsch (2022) - AWMF
Artigos de revisão sobre a doença
- Artigo de revisão
- English (2011) - Expert Rev Neurother
- Artigo de revisão de genética clínica
- English (2016) - GeneReviews


Informação adicional