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Doença de Hirschsprung
Definição da doença
Doença congénita rara da motilidade intestinal, caracterizada por sinais de obstrução intestinal devido à presença de um segmento aganglionar de extensão variável na parte terminal do cólon.
ORPHA:388
Nível de Classificação: Patologia- Sinónimo(s):
- Agangliose intestinal congénita
- Megacolon agangliónico
- Prevalência: 1-5 / 10 000
- Hereditariedade: Autossómica dominante ou Autossómica recessiva ou Multigénico/Multifactorial ou Não aplicável
- Idade de início: Infância, Neonatal
- CID-10: Q43.1
- CID-11: LB16.1
- OMIM: 142623 600155 600156 606874 606875 608462 611644 613711 613712
- UMLS: C0019569
- MeSH: D006627
- GARD: 6660
- MedDRA: 10010539
Sumário
Epidemiologia
A doença Hirschsprung (HSCR) tem uma prevalência estimada ao nascimento de 1/5.000-10.000 a nível mundial. Na HSCR retossigmóide, há uma predominância do sexo masculino de 4:1.
Descrição clínica
O HSCR abitualmente manifesta-se logo após o nascimento com sintomas de obstrução intestinal inferior, assim como sintomas relativos à falência da passagem de mecónio nas primeiras 48 horas de vida, dor abdominal, obstipação, distensão abdominal progressiva, vómitos e, ocasionalmente, diarreia. Raramente, tem uma apresentação clínica mais tardia na infância com sintomas de obstipação grave e atraso no crescimento. São reconhecidas quatro formas da doença com base na extensão da aganglionose: na forma clássica (HSCR; 80% dos casos), a aganglionose é restrita ao retossigmóide. Na HSCR de segmento longo (15%), a aganglionose estende-se além do sigmóide, enquanto na aganglionose colónica total (5%), a aganglionose envolve todo o intestino grosso. A aganglionose intestinal total é a forma mais grave e é extremamente rara.
Etiologia
HSCR é uma neurocristopatia e deve-se a um defeito no desenvolvimento do sistema nervoso entérico. É caracterizada pela ausência de células ganglionares neuronais (aganglionose) na parte terminal do intestino. O segmento intestinal afetado mantém um estado de contração tónica, resultando numa obstrução intestinal funcional. Fatores genéticos e ambientais desempenham um papel na sua patogénese. Vários genes estão associados ao HSCR, particularmente: o proto-oncogene RET 10q11.21), o gene do fator neutrotrófico derivado da célula glial GDNF, o gene da neurturina NRTN, o gene do receptor da endotelina B (EDNRB), o gene da endotelina-3 (EDN3), o gene da enzima de conversão da endotelina 1, ECE1, e o gene da molécula de adesão de células L1 L1CAM.
Métodos de diagnóstico
O diagnóstico é baseado na biópsia retal por sucção da mucosa retal e submucosa que demonstra agangliose, fibras nervosas extrínsecas espessadas e aumento da expressão de acetilcolinesterase. Recentemente, foi demonstrado que a imuno-histoquímica com calretinina é útil. A avaliação de anomalias associadas permite a detecção de HSCR sindrómico. A radiografia simples de abdómen, os estudos de contraste gastrointestinal inferior e a ultrassonografia são úteis para excluir diagnósticos alternativos.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial inclui malformações gastrointestinais, como malformação anorretal, pseudo-obstrução intestinal crónica, íleo meconial, estenose anorretal e tumores pélvicos. HSCR também pode estar associada a síndromes como a síndrome Waardenburg-Shah neurológica, síndrome Bardet-Biedl, síndrome Mowat-Wilson, síndrome Haddad ou síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2A, síndrome Goldberg Shprintzen, síndrome Smith-Lemli-Opitz, síndrome Kaufman-McKusick , síndrome orofaciodigital tipo 5, síndrome PCWH, hipoplasia de cartilagem-cabelo e síndrome Down.
Diagnóstico pré-natal
Atualmente, não há metodologias práticas para o diagnóstico pré-natal de HSCR, pois os achados ultrassonográficos anómalos estão ausentes na maioria dos fetos com HSCR.
Aconselhamento genético
A maioria dos casos de HSCR não sindrómico são esporádicos, embora possam ocorrer casos familiares e, portanto, o teste genético de ambos os pais e do caso index pode evidenciar uma estimativa mais precisa do risco de recorrência em gestações futuras. Deve ser considerado o teste genético de RET para excluir a rara possibilidade de uma mutação RET associada a MEN 2A.
Controlo da doença e tratamento
O tratamento é cirúrgico. Consiste na resseção do segmento aganglionar juntamente com a zona de transição seguido da anastomose do intestino proximal à margem anal. Diferentes técnicas, incluindo cirurgia minimamente invasiva, bem como cirurgia transanal, são aplicadas. O tipo de cirurgia depende do doente, da estensão da aganglionose e da decisão cirúrgica. A aganglionose do intestino delgado pode causar insuficiência intestinal. Em caso de aganglionose intestinal total, o transplante intestinal pode ser necessário.
Prognóstico
A sobrevida e o prognóstico funcional são favoráveis aquando do envolvimento retossigmóide ou Hirschsprung de segmento longo, apesar dos problemas de obstipação e incontinência, mesmo após a correção cirúrgica. O prognóstico funcional de Hirschsprung do cólon total é aceitável. O prognóstico para crianças com intestino delgado ou aganglionose intestinal total que leva à insuficiência intestinal pode ser desfavorável, embora o transplante intestinal seja oferecido para aumentar a sobrevida a longo prazo nos casos complicados. A enterocolite por Hirschsprung ocorre em 30-50% dos casos, mas reage bem ao tratamento na maioria dos casos.
Um resumo sobre esta doença está disponível em English (2021) Español (2021) Français (2021) Nederlands (2021) Deutsch (2012) Italiano (2012) Russo (2012, pdf) Suomi (2012, pdf)
Informação detalhada
Público em geral
- Artigo para o público em geral
- Deutsch (2020, pdf) - Soma e.V.
Guidelines
- Orientações de prática clínica
- Deutsch (2016) - AWMF
- English (2020) - Orphanet J Rare Dis
Artigos de revisão sobre a doença
- Artigo de revisão de genética clínica
- English (2015) - GeneReviews


Informação adicional