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Hiperplasia supra-renal congénita
Definição da doença
Grupo de doenças endócrinas hereditárias raras causadas por deficiência de enzima esteroidogénica e caracterizadas por insuficiência supra-renal e graus variáveis de manifestações de hiper ou hipoandrogenismo, dependendo do tipo e da gravidade da doença.
Sumário
Epidemiologia
A prevalência é estimada em 1/10.000. Incidência anual varia entre 1/5.000 a 1/15.000.
Descrição clínica
A forma mais frequente de hiperplasia supra-renal congénita (HCSR) é a HCSR clássica devida à deficiência de 21-hidroxilase, que pode ainda ser dividida em tipos virilizante simples, com perda de sal ou não clássicos. O indivíduo feminino apresenta ao nascer graus variáveis de virilização da genitália externa com diferentes níveis de aumento do clitóris e fusão labial. Apresentam um útero normal, mas um desenvolvimento vaginal anómalo. A aparência genital dos recém-nascidos 46,XX afetados é ocasionalmente indistinguível da dos órgãos genitais masculinos, mas sem gónadas. O desenvolvimento gonadal é normal desde que a função ovariana seja potencialmente normal. A genitália externa no indivíduo masculino é normal. As formas de HCSR com perda de sal levam a sintomas de desidratação, hipoglicemia e hipotensão nas primeiras semanas de vida e podem ser fatais. A pubarca prematura pode ser observada nas crianças, bem como um aumento da velocidade de crescimento, maturação esquelética acelerada e puberdade precoce (levando à redução da altura adulta). Muitas vezes, a hiperplasia supra-renal congénita não-clássica NCAH só é diagnosticada na adolescência, quando surgem os primeiros sintomas. As manifestações observadas no indivíduo feminino são hirsutismo, acne, anovulação e irregularidades menstruais. Os indivíduo masculino (e determinados indivíduos femininos) são assintomáticos. O hirsutismo mantem-se na idade adulta e os indivíduos femininos podem sofrer de anovulação crónica, dificuldades na fertilidade e distúrbios metabólicos e cardiovasculares. Outras formas raras podem apresentar hipertensão arterial, malformações craniofaciais e genitália externa atípica em ambos os sexos.
Etiologia
Em 90-95% dos casos, a HCSR é causada por uma mutação no gene CYP21A2 localizado no cromossoma 6p21.3, que codifica uma enzima que controla a produção de cortisol e aldosterona. Existem outros genes implicados num reduzido número de casos e originam as seguintes variantes: HCSR devido à deficiência de 17-alfa-hidroxilase, deficiência de 3-beta-hidroxiesteróide desidrogenase, deficiência de 11-beta-hidroxilase, deficiência de citocromo P450 oxidorredutase e hiperplasia lipoide supra-renal congénita.
Métodos de diagnóstico
O diagnóstico em individuos femininos com HCSR clássica habitualmente realiza-se ao nascimento, quando se observa uma genitália atípica. Os recém-nascidos podem ser examinados para HCSR, para identificar as formas clássicas, através da medição dos níveis de 17-hidroxi-progesterona (17-OHP). O rastreio genético confirma o diagnóstico de HCSR, identificando aqueles com uma mutação genética relacionada. Na maioria dos países europeus existem programas de rastreio neonatal para diagnosticar HCSR à nascença. "
Diagnóstico diferencial
Nos indivíduos femininos adultos, um tumor no ovário ou nas glândulas supra-renais pode mimetizar as manifestações clínicas da HCSR com virilização. A síndrome do ovário policístico é outro diagnóstico diferencial.
Diagnóstico pré-natal
O diagnóstico pré-natal em famílias com genótipos patogénicos conhecidos é possível através de amniocentese ou biópsia de vilosidades coriónicas. O diagnóstico pré-natal não invasivo foi realizado pela análise do ADN fetal livre circulante no sangue materno em estudos de prova de conceito.
Aconselhamento genético
A doença é autossómica recessiva e o aconselhamento genético deve ser disponibilizado a casais em risco.
Controlo da doença e tratamento
É necessária uma terapia de reposição hormonal vitalícia para tratar a insuficiência supra-renal e diminuir os níveis elevados de andrógenos que permitem o crescimento normal e a puberdade nas crianças. A hidrocortisona regula os ciclos menstruais e promove a fertilidade em mulheres adultas. Em crianças a hidrocortisona é geralmente administrada como terapia de reposição de glicocorticóides (a dosagem é monitorizada e deve ser incrementada durante períodos de stress ou de doenças intercorrentes) e o acetato de 9 alfa-fludrocortisona para reposição de mineralocorticóides. A cirurgia reconstrutiva genital nos indivíduos femininos afetados já não é considerada como uma emergência e o momento ideal ainda precisa ser determinado. Muitas vezes é necessário apoio psicológico. Os métodos de depilação tratam o hirsutismo. Os ciclos menstruais às vezes podem ser regulados com contraceptivos orais. A dexametasona pode ser administrada a grávidas em risco de terem filhos com a mutação (quando o feto é feminino), de modo a prevenir a virilização. Este tratamento ainda é controverso devido aos potenciais efeitos adversos.
Prognóstico
Com tratamento adequado, os doentes podem ter uma esperança de vida normal. No entanto, a HCSR não controlada pode estar associada a insuficiência supra-renal aguda potencialmente fatal e a um risco mais elevado de comorbilidades (metabólicas, cardiovasculares, subfertilidade).
Um resumo sobre esta doença está disponível em English (2022) Español (2022) Français (2022) Nederlands (2022) Deutsch (2012) Italiano (2012) Russo (2012, pdf) Suomi (2012, pdf)
Informação detalhada
Público em geral
- Artigo para o público em geral
- Français (2009, pdf) - Orphanet
- Español (2019, pdf) - SEEP
Guidelines
- Guias de emergência
- Français (2019, pdf) - Orphanet Urgences
- Orientações de prática clínica
- Deutsch (2010) - AWMF
- Français (2011) - PNDS
- English (2014) - J Intern Med


Informação adicional