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Glicogenose tipo 1
Definição da doença
A glicogenose causada por deficiência da glicose-6-fosfatase (G6P) ou doença de armazenamento do glicogénio (GSD), tipo 1, é um grupo de doenças metabólicas hereditárias, incluindo os tipos a e b (ver estes termos), e caracterizada por baixa tolerância ao jejum, atraso do crescimento e hepatomegalia resultantes da acumulação de glicogénio e de gordura no fígado.
ORPHA:364
Nível de Classificação: Patologia- Sinónimo(s):
- Deficiência de glucose-6-fosfatase
- Deficiência de glucose-6-fosfato translocase
- Doença de Von Gierke
- Glicogenose hepatorrenal
- Glucose-6-fosfatase, deficiência de
- Glucose-6-fosfato translocase, deficiência de
- Von Gierke, doença de
- Prevalência: Desconhecido
- Hereditariedade: Autossómica recessiva
- Idade de início: Infância, Neonatal
- CID-10: E74.0
- OMIM: 232200 232220 232240
- UMLS: C0017920 C2919796
- MeSH: -
- GARD: 7864
- MedDRA: 10018464
Sumário
Epidemiologia
A prevalência é desconhecida. A incidência anual à nascença é de cerca de 1/100,000. O tipo (a) afecta 80% dos doentes. A existência de outros tipos (c, d) não foi confirmada.
Descrição clínica
A doença pode manifestar-se ao nascimento por hepatomegalia ou, mais frequentemente, entre as idades de três a quatro meses por sintomas de hipoglicemia induzida pelo jejum. Os doentes têm fígado aumentado, atraso do crescimento, osteopenia, por vezes osteoporose, rosto redondo com bochechas cheias, nefromegalia e epistaxis frequentes devido a disfunção plaquetária. Além disso, no tipo b, infecções e doença inflamatória intestinal são causadas por neutropenia e disfunção dos neutrófilos. As complicações tardias são hepáticas (adenomas e, mais raramente, hepatocarcinoma) e renais (proteinúria e por vezes insuficiência renal).
Etiologia
A doença é causada por uma disfunção no sistema G6P, um passo fundamental na regulação da glicemia. Mutações no gene G6PC i> (17q21) causam um défice da subunidade catalítica G6P-alfa de expressão restrita ao fígado, rim e intestino (tipo a), e as mutações no gene SLC37A4 i> (11q23) causam um défice do transportador de G6P (G6PT) ou translocase G6P de expressão ubíqua (tipo b). A transmissão é autossómica recessiva.
Métodos de diagnóstico
O diagnóstico é baseado na apresentação clínica e nos níveis de glicemia e lactacidemia depois de uma refeição (hiperglicemia e hipolactacidemia), e após 3-4 horas de jejum (hipoglicemia e hiperlactacidemia). Os níveis séricos de ácido úrico, triglicéridos e colesterol estão aumentados. Não há resposta glicémica ao glucagon. O teste genético molecular permite a confirmação do diagnóstico. O uso de biópsia hepática para quantificar a actividade de G6P é cada vez mais raro.
Diagnóstico diferencial
Os diagnósticos diferenciais incluem outras glicogenoses, em particular a causada por deficiência da enzima desramificadora do glicogénio (deficiência de GDE) ou GSD tipo III (ver este termo), mas neste caso, a glicémia e a lactacidemia estão elevadas após uma refeição e baixas no período de jejum. Os tumores hepáticos primários e a síndrome de Pepper (metástases hepáticas de neuroblastoma) podem ser evocados, mas facilmente excluídos através de dados clínicos e ecográficos.
Diagnóstico pré-natal
O diagnóstico pré-natal é possível através da análise molecular de amniócitos ou de células de vilosidades coriónicas. O diagnóstico genético pré-implantação pode ser discutido.
Aconselhamento genético
Deve ser oferecido aconselhamento genético.
Controlo da doença e tratamento
A orientação visa evitar a hipoglicemia (refeições frequentes, alimentação entérica nocturna através de sonda nasogástrica, e mais tarde adição de amido cru oral), acidose (restrição da ingestão de frutose e galactose, suplementação oral de bicarbonato), hipertrigliceridemia (dieta, colestiramina, estatinas), hiperuricemia (alopurinol) e complicações hepáticas. Deve ser iniciada a protecção renal através de inibidores da enzima conversora, caso seja detectada microalbuminúria. A osteoporose pode exigir bifosfonatos. O transplante de fígado, realizado com base no fraco controlo metabólico ou hepatocarcinoma, corrige a hipoglicemia, mas o envolvimento renal pode continuar a progredir e a neutropenia nem sempre é corrigida no tipo b. O transplante de rim pode ser realizado em caso de insuficiência renal grave. Nalguns casos foi realizado transplante fígado-rim combinado.
Prognóstico
Com uma gestão adaptada, o prognóstico é melhor: os doentes têm uma esperança de vida quase normal.
Informação detalhada
Artigo para os profissionais
- Informação resumida
- Greek (2010, pdf)
- Guias de emergência
- English (2012, pdf)
- Orientações de anestesia
- English (2015, pdf)
- Deutsch (2015, pdf)
- Artigo de revisão
- English (2011)
- Artigo de revisão de genética clínica
- English (2016)
Informação adicional