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Adrenoleucodistrofia ligada ao X
Definição da doença
Doença peroxissomal progressiva rara caracterizada por disfunção endócrina (insuficiência suprarrenal e às vezes insuficiência testicular), mielopatia progressiva, neuropatia periférica e, variavelmente, leucodistrofia progressiva.
Sumário
Epidemiologia
A adrenoleucodistrofia ligada ao cromossoma X (X-ALD) é a doença peroxissomal mais comum, com prevalência estimada ao nascimento de 1/17.000 (homens e mulheres). Existem descrições de casos em todo o mundo.
Descrição clínica
A X-ALD afeta homens e mulheres, embora os sintomas e a progressão da doença sejam diferentes. A idade de início é muito variável e a velocidade de progressão é imprevisível. Doentes do sexo masculino geralmente apresentam na infância sinais e sintomas de insuficiência suprarrenal (80% do sexo masculino desenvolvem insuficiência suprarrenal antes dos 18 anos) ou uma leucodistrofia rapidamente progressiva (40% do sexo masculino antes dos 18 anos, com prevalência ao longo da vida de 60%). A leucodistrofia é inicialmente clinicamente silenciosa, mas eventualmente desenvolvem-se sintomas neuropsiquiátricos, seguidos por défices focais como hemiparesia e agnosia auditiva e, ocasionalmente, crises epilépticas. No início da idade adulta, os doentes do sexo masculino desenvolvem uma mielopatia progressiva (e neuropatia periférica) com distúrbio da marcha e incontinência. A progressão da doença é lenta (ao longo dos anos). A penetrância desta mielopatia é completa, embora a idade de início e progressão sejam muito variáveis (alguns doentes necessitam de auxílio para caminhar). Doentes do sexo feminino praticamente nunca desenvolvem insuficiência suprarrenal ou leucodistrofia. Cerca de 90% desenvolvem mielopatia e neuropatia periférica, mas em idade mais avançada (após os 40 anos) e com progressão mais lenta (ao longo de décadas) do que nos homens.
Etiologia
A X-ALD é causada por variantes em ABCD1 (Xq28), com cerca de 900 mutações diferentes já descritas. Não há correlação geno-fenótipo. A proteína transmembranar peroxissomal codificada está envolvida no transporte de ésteres de CoA de ácidos gordos de cadeia muito longa (VLCFA) do citosol para o peroxissoma. Embora a fisiopatologia exata seja pouco compreendida, a homeostase perturbada do VLCFA nas células da glia pode contribuir para a destabilização da baínha de mielina e compromisso da função axonal.
Métodos de diagnóstico
Se houver suspeita clínica, o diagnóstico é estabelecido pela determinação de VLCFA plasmático (relação C26:0 e C26:0/C22:0) que está aumentada em todos os doentes do sexo masculino; até 15% nos do sexo feminino têm VLCFA normal. Recentemente, a lisofosfatidilcolina C26:0 em gota de sangue ou plasma foi validada como marcador diagnóstico e está aumentada em todos os doentes do sexo masculino e praticamente em todas as mulheres. O diagnóstico pode ser confirmado pela análise mutacional de ABCD1. Se necessário, estão disponíveis ensaios funcionais em cultura de fibroblastos da pele. Em caso de leucodistrofia, o padrão da RMN é praticamente patognomónico. A insuficiência suprarrenal pode ser estabelecida com um teste de estimulação com ACTH. O rastreio neonatal para X-ALD foi implementado recentemente em certas regiões.
Diagnóstico pré-natal
Em caso de história familiar positiva e feto em risco, o diagnóstico pré-natal genético é possível.
Aconselhamento genético
A doença é ligada ao X. Doentes do sexo masculino transmitem a doença para todas as filhas, e nunca para um filho. Doentes do sexo feminino transmitem a doença para 50% da descendência. No caso de existir um diagnóstico, recomenda-se o rastreio e aconselhamento familiar.
Controlo da doença e tratamento
A insuficiência suprarrenal na X-ALD é tratada com hidrocortisona (e, se necessário, fludrocortisona) por um endocrinologista. Para a mielopatia progressiva não existe atualmente nenhum tratamento que modifique a história natural da doença. A leucodistrofia é tratável com transplante alogénico de células hematopoiéticas (TCH), embora o resultado só seja aceitável quando iniciado nos estadios iniciais (score de Loes < 9). TCH autólogo após terapia genética lentiviral ex vivo está pendente de aprovação nos EUA e na Europa.
Prognóstico
O diagnóstico pré-sintomático permite monitorizar a ocorrência de insuficiência suprarrenal e o aparecimento de ALD cerebral. Se o tratamento apropriado for iniciado, a morbilidade e a mortalidade graves podem ser evitadas. Atualmente não há tratamento para prevenir a ocorrência ou progressão da mielopatia. No entanto, com cuidados de suporte apropriados, a expectativa de vida é quase normal.
Um resumo sobre esta doença está disponível em English (2021) Español (2021) Français (2021) Nederlands (2021) Deutsch (2013) Italiano (2013) Polski (2013, pdf) Suomi (2013, pdf)
Informação detalhada
Público em geral
- Artigo para o público em geral
- Deutsch (2014, pdf) - ÄZQ
- Svenska (2018) - Socialstyrelsen
Guidelines
- Orientações de prática clínica
- English (2014) - J Intern Med
- Français (2021) - PNDS
- Français (2021) - PNDS
- Deutsch (2022) - AWMF
Artigos de revisão sobre a doença
- Artigo de revisão
- English (2012) - Orphanet J Rare Dis
- Artigo de revisão de genética clínica
- English (2023) - GeneReviews
Testes genéticos
- Orientações para teste genético
- English (2011) - Eur J Hum Genet
- Français (2016, pdf) - ANPGM


Informação adicional